Entenda o que muda no IPTU com a reforma tributária

Prefeitos poderão atualizar base de cálculo do imposto por meio de decreto; hoje reajuste depende de aval da Câmara Municipal

A reforma tributária aprovada na Câmara dos Deputados, além de mudar a forma como é feita a tributação sobre o consumo, vai impactar também na arrecadação do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). A proposta de emenda à Constituição (PEC) 45/2019 prevê a possibilidade de alteração da base de cálculo do IPTU por meio de decreto, a partir de critérios gerais previstos em lei municipal. Dessa forma, o prefeito poderá aumentar ou diminuir a cobrança do imposto sem precisar do aval da Câmara Municipal. 

A mudança foi um pedido da Confederação Nacional dos Municípios atendido pelo relator da reforma, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Segundo a entidade, a medida permite maior autonomia para os municípios, já que atualmente qualquer alteração no imposto precisa ser votada pelos vereadores.

Para a advogada Isabela Rocha de Hollanda, sócia do escritório Barros de Arruda e especialista na área tributária, as prefeituras terão mais flexibilidade no reajuste do IPTU e isso pode permitir que o poder Executivo aumente a carga tributária com mais frequência. 

“Acredito que pode haver uma elevação de IPTU, ele pode ter um potencial de arrecadação maior, principalmente em imóveis de valor mais expressivo que tenham passado por uma valorização significativa”, pontua ela.

O advogado Henrique Paslar, da área de Planejamento Patrimonial, do Abe Advogados, afirma que esse é um dos pontos polêmicos da reforma tributária porque os prefeitos podem unilateralmente editar os decretos que vão alterar a base de cálculo do imposto. “Existe um receio entre os contribuintes de que essa medida aumente a carga tributária”, declara. 

Critério sobre IPTU estabelecido em lei

Rocha de Hollanda ressalta que, segundo o texto da reforma tributária em análise no Senado, as alterações na base de cálculo do imposto devem ser baseadas em critérios de valorização definidos em lei aprovada pelas Câmaras Municipais.

“O prefeito tem esse poder por decreto de atualizar a base de cálculo do IPTU, mas obrigatoriamente ele vai ter que obedecer critérios pré-definidos em lei municipal, por exemplo, pode ter um critério de valorização por asfaltamento, por melhorias de infraestrutura no bairro, por algo que vai valorizar o imóvel. Esse critério tem que estar preestabelecido na lei, o prefeito não pode tirar nada da cabeça dele”, esclarece.

Por outro lado, Paslar argumenta que a alteração da norma pode abrir espaço para uma guerra fiscal entre municípios vizinhos que queiram atrair novos contribuintes. “Esse cenário pode trazer uma guerra fiscal entre os municípios porque se o prefeito quiser, por exemplo, atrair mais contribuintes para o seu município, ele pode editar um decreto reduzindo a base de cálculo do IPTU de forma que atraia indústrias e empreendimentos. Com isso vai aumentar a arrecadação e provavelmente vai diminuir a dos municípios vizinhos”, conclui ele.

Fonte: Jota 

Galeria de Imagens
Outras Notícias
Conheça os principais pontos da regulamentação da reforma tributária
Juros remuneratórios e moratórios compõem base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins
É possível distribuir juros sobre capital próprio antes de deduzir prejuízo acumulado
'Split payment': entenda como será a cobrança automática de impostos na Reforma Tributária
Reforma tributária: compra de imóveis e serviços de construção civil terão redução de 40% na alíquota
Apreensão do passaporte do devedor que emigrou do Brasil é medida razoável, decide STJ
Impactos do fim da concessão de benefícios fiscais na reforma tributária
SÓCIOS EM GUERRA
Especialistas querem split payment obrigatório apenas para setores sonegadores
STJ decide fixar tese vinculante sobre dívida de condomínio de imóvel financiado
Juíza afasta ITCMD de R$ 6,9 mi sobre bens recebidos no exterior como herança
Exclusão de ICMS-ST da base de PIS e Cofins vale a partir de março de 2017, decide STJ
Reforma Tributária prevê imposto automático na hora da compra, mas bancos temem prazo apertado
Valor da Selic em repetição de indébito compõe base de PIS e Cofins, fixa STJ
Carf aprova súmulas sobre créditos de PIS/Cofins e PLR paga a diretor
STJ reatroage modulação da tese do ICMS-ST na base de PIS/Cofins em 6 anos
Incide contribuição previdenciária sobre adicional de insalubridade, decide STJ
Receita cria declaração para monitorar benefícios fiscais e prevê multa em caso de descumprimento ou atraso
CCJ aprova autorização para cassino, bingo, jogo do bicho e corrida de cavalos
IRPJ e CSLL incidem em crédito compensável após habilitação junto à Receita
Importador por conta e ordem não pode pedir restituição de tributo, decide STJ